terça-feira, 29 de julho de 2008

Muito músculo e pouco paleio


Datado de 2007, mas apenas recentemente entre nós, Tropa de Elite foi um dos motivos porque me desloquei recentemente ao cinema. O filme foi alvo de um gigantesco fenómeno de divulgação pirata no Brasil, ao ponto de antes de estrear em sala já ter uma legião de fãs.
Comecemos pelo princípio. O filme terá porventura sido alvo de um hype algo exagerado, não é uma obra prima, mas é um bom filme. Confesso, antes de mais, que sofro do pecado de ainda não ter visto o badalado Cidade de Deus, este sim considerado um filmaço, por isso em termos de "filmes brasileiros que retratam a realidade social das favelas" não tenho termo de comparação. O que eu sei é que Tropa de Elite está bem conseguido.

A história centra-se em torno de um personagem principal: o capitão Nascimento, um dos líderes do BOPE, o batalhão de forças especiais lá da zona. Conhecidos pela sua fama de "entrar a matar", que é como quem diz: dispara primeiro e pergunta depois, o BOPE tem uma nova missão em mãos. Assegurar a segurança do Papa numa visita a uma zona deveras problemática. Ora o capitão tem um filho recém-nascido e começa a acusar o cansaço do trabalho. Por isso, a sua história vai cruzar-se com a de Neto e Matias, dois amigos que se inscrevem na Polícia Militar em busca de se tornarem polícias honestos no combate ao tráfico de droga nas favelas. É que Nascimento está em busca de um substituto para o seu posto, e deposita nestes dois a sua esperança.
O que Neto e Matias não esperavam encontrar era tamanha dose de corrupção na polícia, e é aí que a sua parte na história leva uma valente volta...

Tropa de Elite vai directo ao assunto, muita força bruta e pouca conversa. E quando a há, não é bonita. As cenas de violência policial tentam ser cruas e realistas e os momentos de maior tensão, como os tiroteios na favela são empolgantes o suficiente. A história está bem enquadrada e desenrola-se com naturalidade, respeitando os tempos da acção. Mesmo o facto de vermos a história sob perspectivas distintas, ainda que interligadas, não falha. E, pessoalmente, agradou-me o factor narração por parte do capitão.

Se se trata de uma visão com mensagem política ou simples retrato social, é pergunta para o realizador. Cada um de vós poderá encontrar indícios de conotação política, ou simplesmente encará-los como peças do mosaico. A mim, o filme não me fez ver as coisas pelo prisma governamental/partidário/whatever, mas sim pelo lado do dito BOPE, porventura a réstia de honestidade e convicção num sistema militar corrupto onde é cada um por si. Naturalmente, com as suas vítimas pelo caminho. Mas é assim na vida real, imperfeito e nem sempre com final feliz.

Apreciado por um total de 7 em 10 taralhões.

1 comentário:

Anónimo disse...

Parei de ler aqui: "Confesso, antes de mais, que sofro do pecado de ainda não ter visto o badalado Cidade de Deus"


Estou desapontado. ;_;