domingo, 29 de março de 2009

dois olhares diferentes sobre o medo

Waltz With Bashir, de Ari Folman, foi sem dúvida um dos esforços mais interessantes de 2008. Sob o conceito original de documentário, com entrevistas reais às pessoas envolvidas, é-lhe aplicado o "filtro" da animação, numa técnica que me recorda A Scanner Darkly, por exemplo. O filme retrata o período da guerra no Líbano e parece funcionar como um expiar dos pecados daqueles que tomaram parte nela. Mostra algo da natureza Humana e como a culpa e o arrependimento podem ser sentimentos duradouros. E prova que a guerra é algo mais que confronto físico, deixando mazelas bem fundas naqueles que a vivem.

No filme, 24 anos depois de ter servido como soldado, Ari reencontra-se com um amigo que lhe quer contar um sonho recorrente que tem e que o transporta até aos tempos da guerra. Nessa mesma noite, Ari tem a sua própria visão sobre os massacres de Sabra e Shatila e apercebe-se que afinal não se recorda de muito dessa altura. E assim decide partir em busca das respostas.

O filme combina brilhantes cenas de animação, que vão desde o desenho realista à experiência surrealista. E tudo é adornado com uma selecção extraordinária de músicas em fundo, desde rock a música clássica, que nos dão a sensação de conseguir viver melhor as emoções ali descritas. De facto, esta músicalidade do filme é um dos pontos fortes para mim.

Waltz With Bashir é uma chamada de atenção, um profundo olhar ao passado, um retrato genuíno. E acho que todos têm a ganhar em ver este filme. Recomendado por 9 em 10 taralhões!




Para os mais interessados num programa para uma noite em que estejam sozinhos e o vento lá fora faça sons que vos deixam a pensar que alguém mais está na casa... eis uma sugestão da minha parte. Session 9 não é um título que tenha merecido grande destaque. No entanto, foi realizado por Brad Anderson que já nos presenteou com um filme extraordinário - The Machinist. Logo aí merece que se dê uma vista de olhos.

Pois bem, o filme surpreendeu-me bastante pela positiva. Realizado com meios escassos (não me parece que o orçamento tenha sido algo de espectacular) e sem um cast de famosos - único nome de destaque é o de David Caruso - o filme tem o feeling certo para este tipo de histórias.

O fio condutor parece simples. Uma equipa de limpeza de amianto ganha o concurso para um trabalho num velho hospício abandonado. O que, à partida, seria um trabalho simples e rapidinho ganha contornos distintos, motivados pela história pessoal de cada um dos personagens. Um destes descobre as gravações das entrevistas de um dos médicos do estabelecimento com uma doente muito particular, mas até à sessão 9 fica sem saber as respostas que o médico tanto procurava para justificar o seu estado de espírito. Gradualmente toda uma cadeia de eventos se vai suceder, instaurando o caos psicológico no seio do grupo de trabalho.

Session 9 não é um clássico filme de terror, diria mais um thriller de suspense muito bem conseguido, ao bom estilo Hitchcock. Valorizam-se as sombras, o jogo de luzes, os sons e os detalhes de cada cena. Não há uma procura do susto fácil, mas sim a tentativa de criar uma sensação de verdadeiro pânico e quase claustrofobia. E gradualmente o filme vai-nos prendendo a atenção e deixando-nos sedentos de saber cada vez mais.

Apreciei bastante, uma vez que hoje em dia é cada vez mais díficil encontrar bons filmes do género. Recomendo a todos os fãs deste tipo de filme e aos mais curiosos também. 9 em 10
taralhões gostaram deste filme!

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