domingo, 26 de julho de 2009

Crime à Portuguesa



O último filme de Leonel Vieira que tinha visto, A Bomba, foi um furo completamente ao lado. Felizmente Arte de Roubar é de uma dimensão completamente diferente. No paronama estagnado e pobre do cinema portugês (e deixemos aqui o debate sobre se isso se deve à qualidade das pessoas/projectos ou falta de investimento para depois) de onde apenas raramente saem ideias interessantes, Arte de Roubar é uma agradável lufada de ar fresco. Desde logo é impossível não encontrar fortes influências do estilo Tarantino e outros do género. Na fotografia do filme, na "organização" por capítulos, no quadro de personagens à disposição. Mas não estou aqui a criticar essa opção, pelo contrário terá sido porventura o caminho certo para dar alguma credibilidade a esta produção. Outra ajuda fundamental é o facto de ser falado em inglês. Os textos ganham consistência e parecem encaixar muito melhor.

A história resume-se a dois pilantras amigos, ladrões amadores, que aceitam o desafio de roubar um Van Gogh precioso e há muito desaparecido da quinta de uma condessa. Os dados são lançados pelo mordomo aparentemente revoltado da senhora. Obviamente... tudo havia de correr mal.

Na sua passada descontraída, Arte de Roubar é uma comédia ligeira, com textos simples e uma linha de acção bastante fácil de acompanhar. A representação está boa, a fotografia também, e emprestando ao filme um ar quase série B, e os efeitos são simples mas quanto baste para o pretendido. Pessoalmente, adorei a cena da tourada e todo o papel dos actores principais, Ivo Canelas e Enrique Arce. Verdade seja dita, Arte de roubar consegue o mesmo que filmes de gabarito bem superior, trabalhando com um orçamento bem menor. E se misturado na prateleira das produções internacionais, passaria perfeitamente por um qualquer trabalho digno de rigor e credibilidade. Acho-o um bom filme de entretenimento, com todos os ingredientes misturados na dose certa, que vale certamente a pena visionar. Espero que sirva de impulso para o cinema português mais comercial.

Agradavelmente visto e apreciado por 7 em 10 taralhões! (Alguns dos quais lusitanos)

2 comentários:

RC disse...

tem tudo o que é preciso para um bom filme português, Anôes, Mamas e Soraia Chaves.

Avram Garrison disse...

E tá tudo dito!