terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

A Estrada


O cenário pós-apocalíptico parece ser algo que agrada muito a Hollywood. Seja com zombies, meteoros, ou enormes desastres naturais, fazer um blockbuster cheio de acção e adrenalina num futuro não muito distante parece ser uma aposta certa.

The Road foge completamente a este estereótipo. Tendo passado algo despercebido nas nossas salas de cinema, este filme, adaptado de um livro de Cormac McCarthy e realizado por John Hillcoat, conta a história de um pai (Viggo Mortensen) e do seu filho (Kodi Smit-McPhee) que tentam concluir uma viagem através duma América devastada. Quem de alguma maneira procura um filme de acção, desengane-se. The Road é drama poderoso, que coloca frente a frente o pior futuro possível e as melhores características humanas, as quais o pai tenta incutir ao filho durante a sua caminhada.

Tecnicamente, The Road está bastante bem conseguido. Excelentes caracterizações e um trabalho de fotografia de qualidade transmitem de maneira inequívoca ao espectador o quão miserável e cruel é aquela realidade. A banda sonora é também muito boa e bastante apropriada ao filme. No capítulo da representação, e embora todo o elenco tenha performances muito fortes, a entrega, força e emoção que Viggo Mortensen empresta ao seu personagem são de facto impressionantes, sendo difícil ficar indiferente a sua interpretação. Este e os seus mais recentes trabalhos fazem dele, sem dúvida, um dos melhores actores da actualidade.

The Road é muito mais que um filme. É uma jornada, é o tentar ter esperança por muito falsa que esta possa ser, o nunca desistir de manter a nossa humanidade na face do mundo mais negro imaginável. No fundo, é o tentar ser verdadeiramente bom quando tudo o resto parece mau. Um filme para ver, interiorizar, e ponderar.

Apreciado por 9 em 10 taralhões viris que soltaram uma lágrima. Porque um taralhão a sério também chora.

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