terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Acreditas no destino?


E o grande filme de 2008 é: Slumdog Millionaire. Já arrecadou o globo de ouro e acredito que possa conseguir igual proeza nos Óscares. O grandioso Danny Boyle, de quem sou grande admirador, que já nos trouxe obras-primas como Trainspotting ou 28 Days Later ou Sunshine, voltou a fazer das suas. Num exercicío de estilo muito próprio traçou neste filme um hino à vida e uma celebração do amor. Co-realizado com um autor indiano (Loveleen Tandan), o filme trata precisamente da vida em Mumbai (a antiga Bombaím) sob os olhos de Jamal Malik. Slumdog que se traduz em algo como "cão de favela" é Jamal. Um entre muitos miúdos pobres que vivem na rua, do lixo e da esmola, alvos constantes de maus tratos e abusos. Miúdos que vivem de sonhos e ilusões acerca da vida e do futuro.

Jamal desde cedo sofre as intempéries de uma vida difícil numa cidade difícil, num país díficil. Onde religião e política e crime organizado coexistem, num verdadeiro inferno terreno, mascarado sob amontoados de lata a que alguns chamam casa. A sua vida vai dar muitas voltas e um dia descobrirá o amor. E é aí que tudo se concentra.

Jamal, miúdo que serve chá a outros e que não teve qualquer educação, resolve um dia participar no célebre Quem Quer Ser Milionário e realiza uma caminhada triunfante até ao prémio final. Tudo por amor, tudo para encontrar a felicidade que desde sempre procurou. Obviamente, a constatação deste facto não é feita de ânimo leve pela sociedade indiana. Afinal, Jamal é apenas um pobretanas analfabeto.

Danny Boyle fez um retrato muito crú e genuíno da sociedade e cultura indiana. Mas não o fez com um peso dramático exagerado, não é um filme para nos levar às lágrimas de tristeza. A forma leve com que realizou é um ponto a favor. Outro, é a belíssima fotografia e os cenários retratados. Boyle tem este hábito, de criar uma ambiência que seja quase palpável, criando um pano de fundo extraordinário para os seus filmes. Gosto que o filme não tenha pudor no retrato que faz de uma Índia ainda muito díspar, onde o peso da religião e das diferenças sociais é elevado, mesmo nos dias de hoje. Como complemento temos ainda a música, que certamente irá arrecadar bastantes prémios também (o globo já foi).

Tudo isto é verdade, mas o filme carrega consigo uma mensagem bem mais vasta. Como disse, é um hino à vida, à sobrevivência, à capacidade de lutar por um fim melhor, à força de acreditar. E é uma celebração do amor. Para os que crêem que há um final feliz para todos, haja o que houver pelo meio. Achei-o uma obra fantástica, que merece sem dúvida um lugar na história dos grandes filmes. Recomendado por um total de 10 taralhões!

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