segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O Americano



Muito recentemente vi o último trabalho de George Clooney, “O Americano”. Anton Corbijn é o realizador, e para muitos é um nome desconhecido, pois apenas tem no seu currículo até agora clips musicais e o filme “Control” sobre o vocalista Ian Curtis, dos Joy Division.

Devo confessar que a primeira avaliação que fiz do filme, à saída do cinema, foi negativa. A verdade é que tal reacção me pôs a pensar mais sobre o filme, e a procurar coisas sobre ele, até chegar ao ponto de indagar se era o filme que era mau, ou se era o meu ponto de vista que estava errado.

Parece-me agora óbvio que a última opção é a correcta.

Desengane-se quem viu o trailer, ou quem está à espera de um filme com Clooney a partir a loiça toda. “O Americano” não é um filme de acção, é um filme de introspecção, com um andamento muito próprio, e é isso que temos que ter em mente à partida para a sua visualização.

Clooney é Jack, um assassino profissional caído em desgraça, forçado a refugiar-se numa vila italiana de um grupo de suecos que quer vê-lo morto. Aí, cria relações com as outras personagens, algumas até inadvertidamente, mas que vão ser sempre contrapostas com a desconfiança inerente da sua situação, e com o facto de tais relações serem ensombradas com o facto da presença de Jack lhes pôr também a vida em perigo.

É neste pilar que assenta a trama do filme. Um homem com um passado pesado, desconfiado de tudo e de todos, que sabe que deve manter a distância de outras pessoas para o próprio bem delas, mas que é impotente para se manter longe de contacto humano.

O elenco do filme, tirando Clooney, é praticamente um grupo de ilustres desconhecidos que intrepretam os seus papéis de forma bastante sólida. Na memória do público masculino ficará certamente a bela Violante Placido, enquanto que as senhoras se teram de contentar com um Clooney em boa forma, tanto física, como na qualidade da sua intepretação de um dos papéis mais sombrios da sua carreira.

Em termos de fotografia, esta é de qualidade. A paisagem ajuda muito, é certo, mas Anton Corbijn conseguiu passar para o ecrã a beleza natural das localidades do filme. A banda sonora adequa-se perfeitamente, sempre com uma toada mais sombria e melancólica.

No geral, “O Americano” é um bom filme, bastante intimista e minimalista, como um filme de autor. Tem que ser visto na disposição certa, e não podemos esperar um blockbuster de acção, pois essas cenas embora existam, são escassas. Se tivermos isto em conta, certamente que o apreciaremos muito mais. 7/10 Taralhões estimulados intelectualmente gostaram do filme.

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