quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Álbum de recordações #7

Todos os anos, pelo Inverno, se realizava o grande festival na aldeia. Havia música, dança, feira e bastante animação. As crianças tinham permissão para brincar na rua até tarde enquanto os pais e avós se perdiam no jogo de luzes, jogando nas barraquinhas ou petiscando um algodão-doce. O ponto alto de todo o evento sempre fora, no entanto, a grandioso baile de máscaras na última noite. Trajados a rigor, todos os habitantes se entregavam à festa, dançando e convivendo até às tantas num banho de multidão. Ainda assim, ninguém percebia muito bem as escolhas da família Magalhães... As suas máscaras destoavam sempre um pouco dos restantes. No festival de Inverno de 1977 foram vistos pela última vez. Na manhã seguinte ao baile a sua casa foi encontrada vazia, mas arrumada, com tudo no seu devido lugar. As roupas continuavam nas gavetas, as loiças nos móveis, os carros na garagem. Na quinta, tudo permanecia no seu lugar. Mas os animais estavam todos mortos e as suas vísceras haviam sido retiradas. Um rasto de pegadas em sangue fora deixado na neve, até ao bosque, e aí perdia-se de vista. À entrada do bosque, caídas no chão, foram encontradas todas as roupas dos quatro familiares. A polícia investigou e realizaram-se buscas durante meses sem resultado algum. Até hoje não mais se ouviu falar nos Magalhães. Aquele foi o último festival de Inverno da aldeia.


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